sábado, abril 14, 2007

O sorriso




(...)
Deixei um sorriso ao pé da escada.
Passaste, viste, agarras-te
Sorriste.
Num momento único de gloria
De um artista velho e já sem graça,
Senti-me feliz por ter te feito sorrir…

Que presunção a minha,
Por ter deixado um sorriso ao pé da escada.

(…)

Antes do Tempo


Quando o Sol subiu,
Já nós conhecíamos a luz.
Quando foi tempo de colheita,
Já nós conhecíamos o sabor da fruta.

Quando a chuva caiu,
Já nós estávamos molhados.
Quando a tristeza nos tocou,
Já nós estávamos cansados.

Vivemos a vida inteira a correr,
A antecipar os acontecimentos,
a perder o importante, o valor,
o que nos é querido.

Quando o fim chegou,
Já nós estávamos mortos.

Lost


Não é por hoje ser domingo que me fazes falta… não por me sentir só que me lembro de nós, é por ser um dia igual a tantos outros – Vazio.
O riso preenchia-me as horas prendia-me á Vida sem esforço.
A tua presença ocupava a minha existência com calor, nunca havia dias cinzentos apenas dias menos azuis, o tempo passava leve entre os dedos como areia fina da praia.
Beira mar onde sonhámos com o futuro glorioso que nos aguardava.
O futuro chegou sem gloria sem luz sem ti.
Sinto-me uma casca oca sem mais nada .
Por onde viajas sem mim? Sem esta metade que ficou retida no quotidiano.
Dizes que a única pessoa de quem nunca nos separamos é de nós próprios, por isso mais vale amar-nos, ou pelo menos aprendermos a aturar nos sem esforço.
Não é verdade, agora sei que não é verdade, podemos afastar nos de que somos na essência.
Onde andas Alma que deixas-te só este corpo enrugado?

quinta-feira, abril 05, 2007

Beleza e Juventude


Numa sociedade que associa a Beleza à Juventude através de conceitos anti-idade e ideais estereotipados, um estudo internacional* quis compreender qual a influência que estes factores exercem nas mulheres do mundo actual e de que modo afectam a sua auto-estima, a sua auto-imagem e a forma como a sociedade as percepciona.
Em todo o mundo, mulheres acima dos 50 anos foram inquiridas sobre o envelhecimento e as mudanças que dele advêm em nível de beleza, importância social, realização pessoal, sexualidade, aparência e nas expectativas que a sociedade impõe.

Preconceitos e Estereótipos
A sociedade nutre uma visão distorcida das mulheres acima dos 50 anos, fomentando (pre)conceitos relativos a uma falta de produtividade e ineficiência, a um menor cuidado com a aparência, a uma passividade na vida social e sobretudo à exclusão do que é considerado Belo por ultrapassar a “idade ideal” de Beleza.
Estes estereótipos são mais flagrantes quando se compara o sexo feminino e o masculino.Os homens acima dos 50 anos são considerados distintos, elegantes e charmosos, enquanto as mulheres, são vistas como tendo ultrapassado o seu auge.
Esta visão que a sociedade tem sobre as mulheres acima dos 50 anos influi no próprio processo de envelhecimento, pois a maioria das mulheres inquiridas acredita nestes estereótipos – uma tendência que se revelou mais evidente nas mulheres alemãs.

“O envelhecimento torna-nos invisíveis…”
A não utilização de mulheres acima dos 50 anos nas revistas, em secções dedicadas a moda e beleza faz com que estas se sintam “invisíveis”. Com maior incidência junto das Italianas, Alemãs, Canadianas e Americanas (%), este sentimento é expresso por cerca de 60% do total das inquiridas.Estas afirmam, que este tipo de meios funcionam como um reflexo da população e ao folheá-los, se poderia pensar que não existem mulheres acima desta faixa etária, salvo algumas celebridades que desafiam estas concepções.Ainda que algumas personalidades se destaquem, de uma forma geral, as mulheres com mais de 50 anos não estão habituadas a se ver representadas nos media, na política e na cultura dos seus países.
“Idade Ideal de Beleza”
De acordo com a perspectiva da sociedade e da cultura de cada país, as mulheres são mais atraentes e desejáveis quando atingem a faixa etária dos 30 anos. Esta convicção tem algumas variações, nos EUA e no Reino Unido a idade ideal é mais baixa – 29 e 30, enquanto que em Itália, França e Japão este auge é reconhecido mais tarde – 34, 35 e 36 respectivamente.Esta variação regional pode ser determinada por ícones locais que mantenham a sensualidade após a “meia-idade”, como é o caso da italiana Sophia Loren ou de Ségolène Royal, a actual candidata a primeiro-ministro em França.Ainda assim, 10% das mulheres sentem-se mais atraentes na sua idade actual, enquanto que 4% das inquiridas acredita que este ideal chega aos 50 anos.O estudo revelou ainda, que a maioria das inquiridas consideram que a sociedade é menos permissiva para com as mulheres com mais de 50 anos do que com as mais jovens, especialmente em questões ligadas à exposição do corpo. Sendo que, as Americanas e as Canadianas são as mais conservadoras em oposição às culturas latinas.
“O Paradoxo do Envelhecimento”
As mulheres entre os 50 e 64 anos debatem-se diariamente com as suas próprias percepções sobre envelhecimento, mantendo uma relação ambivalente com a idade. Apesar de 86% das mulheres terem orgulho em a expressar, 91% afirma que gosta de ser considerada mais jovem. As inquiridas assumem a sua idade, mas preocupam-se com os aspectos físicos e psicológicos inerentes ao envelhecimento, sendo que, 79% nunca mentiu ou evitou revelar quantos anos tem, enquanto 69% reconhece que a sociedade prefere esconder a celebrar a idade.Mais de metade destas mulheres admite que a ideia de envelhecer não as inquieta – principalmente Italianas e Mexicanas – contudo, ao mencionar certos aspectos específicos do envelhecimento, a grande maioria revela grandes preocupações, como a morte de entes queridos e a diminuição de capacidades físicas e psíquicas. A grande maioria assume que se preocupa com as alterações físicas, nomeadamente na pele, no cabelo e no corpo como o aumento de peso, os cabelos brancos e a flacidez da pele, sendo as brasileiras as que mais afirmam recorrer a cirurgias plásticas.Condicionadas pelo olhar crítico da sociedade, 80% destas mulheres admitem alterar alguns hábitos (como ir à praia, usar roupas mais reveladoras ou serem fotografadas) por se sentirem desconfortáveis com as mudanças que advêm da passagem do tempo.
“Não reflicto os estereótipos da minha idade”
As mulheres de 50 anos da actualidade pertencem a uma nova geração, mantêm um espírito muito jovem, descrevem-se como amadas, felizes, activas, valorizadas e 87% acredita ser demasiado nova para ser velha. A maioria defende ser uma mulher diferente da sua mãe nesta idade: são financeiramente independentes, cuidam da sua saúde e do seu visual, ocupam cada vez mais e durante mais tempo, lugares de destaque no mercado de trabalho, têm consciência da sua cidadania, mantêm o ritmo da sua vida social (saídas com as amigas, viagens) e são sexualmente activas – 40% das inquiridas admite usufruir mais da sua vida sexual do que quando era jovem.As inquiridas defendem que é importante cuidarem de si para poderem envelhecer de modo saudável, mantendo a sua qualidade de vida, no entanto, nem todas consideram necessário visitar regularmente o médico.Relativamente à aparência, estas mulheres sustentam que é mais importante cuidar e manter a sua imagem que disfarçar ou alterá-la.
“Mudanças desejadas na sociedade, nos media e na indústria de cosmética”
Sensivelmente todas as inquiridas consideram que está na altura de se alterar a visão que a sociedade apresenta sobre as mulheres e o envelhecimento. 91% afirma que os media e a publicidade deviam utilizar imagens mais representativas das mulheres de 50 anos e 75% declara que a publicidade anti-envelhecimento as retrata de forma irrealista.Acima de tudo, estas mulheres afirmam que gostavam de ver a sua essência e o seu valor representados de forma real na sociedade e na cultura em geral.
Tudo isto faz pensar na maneira como olhamos as mulheres masi velhas!

* Estudo internacional » A Dove desenvolveu o Dove Global Study 2006 “Beauty Comes Of Age”, em parceria com o Grupo StrategyOne, uma firma de Consultadoria e pesquisa aplicada, em colaboração com o Dr. Robert N. Butler (Centro Internacional de Longevidade) e com aconselhamento da Dr.ª Nancy Etcoff (Universidade de Harvard), e da Dr. Susie Orbach (Departamento de Sociologia da London School of Economics).